quinta-feira, 19 de maio de 2016
Eder Jofre, o ‘Galinho de Ouro’: campeão mundial de boxe
Quando o juiz levantou minha mão, mostrando que eu era o vencedor, chorei muito”. No dia 18 de novembro de 1960, Eder Jofre, aos 24 anos, tornou-se o primeiro brasileiro campeão mundial de boxe ao derrotar o mexicano Eloy Sanchez por nocaute, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
No dia seguinte, O GLOBO anunciava em manchete na primeira página: “Éder Jofre campeão por K. O.!”, seguida de uma foto do mexicano estirado na lona do ringue. “Um cruzado de direita no queixo do mexicano foi o soco decisivo”, detalhava o texto. Vencedor na categoria peso galo, a partir dessa vitória começou a escrever seu nome na história no boxe mundial, tanto que, em 1992, foi escolhido para ingressar no Hall da Fama da modalidade nos Estados Unidos.
Com um cartel de 81 lutas, 75 vitórias (50 por nocautes), quatro empates e duas derrotas, Jofre, o “Galinho de Ouro”, é o maior pugilista brasileiro de todos os tempos. Nascido em São Paulo, no dia 26 de março de 1936, é de uma família de pugilistas: seu tio Ralph Zumbano, falecido em 2001, representou o Brasil nas Olimpíadas de 1948, em Londres. O pai, o argentino José Aristides Jofre, conhecido como Kid Jofre, foi um respeitável pugilista e responsável pelos primeiros passos do filho nos ringues, tornando-se seu treinador.
Em 1953, aos 17 anos, Jofre subiu pela primeira vez nos ringues como amador, no torneio Forja dos Campeões, patrocinado pelo jornal "A Gazeta Esportiva". Três anos depois, o atleta participou dos Jogos Olímpicos de Melborne, na Austrália, mas foi eliminado logo nas primeiras lutas. Em 1958, ele tornou-se campeão brasileiro dos galos e, dois anos mais tarde, campeão sul-americano na mesma categoria, antes de conquistar o título mundial. Em 1962, diante de mais de 20 mil pessoas no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, Eder Jofre venceu o britânico Johnny Caldwell por nocaute, no décimo assalto, e unificou os cinturões da época. Entre 1960 e 1965, venceu todas as lutas por nocaute.
Eder Jofre tinha muitos problemas para manter o peso da categoria, de até 53,5 kg, e treinava embrulhado em um casaco de lã e outro de plástico, para suar bastante e perder peso. Em 1965, foi ao Japão e perdeu o título para Masahiko ‘Fighting’ Harada. No ano seguinte, em uma revanche, sofreu nova derrota para Harada. Desiludido, o boxeador resolveu abandonar o boxe. Em 1969, no entanto, retornou às lutas na categoria pena, de até 57 Kg, o que lhe deu mais folga para conviver com os problemas de peso. Em 1973, aos 37 anos, surpreendendo todos, conquistou o título mundial dos penas, em Brasília, contra o cubano naturalizado espanhol Jose Legra. Três anos depois, encerrou, definitivamente, sua carreira.
Na década de 90, a revista “The Ring”, a mais conceituada no mundo do boxe, classificou Eder Jofre entre os 50 melhores boxeadores, em todos os pesos, da História. Em 16 de dezembro de 1993, o jornal noticiou que o Conselho Mundial de Boxe o homenageou como um dos melhores pesos-galo de todos os tempos. Mesmo após ter se aposentado do esporte, Éder continuou a disputar lutas em forma de exibições – uma delas, realizada no Ibirapuera, em 1996, contra Servílio de Oliveira, logo após ele conquistar a primeira medalha olímpica do boxe brasileiro, em Atlanta, nos EUA. Em 2010, aos 74 anos, ainda treinava diariamente e ainda aceitava desafios na academia.
Hoje com 80 anos, o maior pugilista do país chegou a ser diagnosticado com Mal de Alzheimer, em 2013. No entanto, o diagnóstico foi corrigido em 2014 para encefalopatia traumática crônica, antigamente conhecida como demência pugilística. Com o tratamento correto, Eder Jofre diz que a recuperação foi a sua maior vitória. O filme “Dez segundos”, que conta a trajetória do “Galinho de Ouro”, tem estreia prevista para o segundo semestre de 2016.
Paulo Luiz Carneiro
http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/eder-jofre-galinho-de-ouro-campeao-mundial-de-boxe-fenomeno-nos-ringues-18075522
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