sexta-feira, 13 de maio de 2016
Filipe Camarão, o Herói da Insurreição Pernambucana
Filipe Camarão (1591-1649) foi indígena brasileiro. Herói da Insurreição Pernambucana, "Capitão-Mor do índios", "Dom Filipe", "Cavaleiro da Ordem de Cristo" e "Fidalgo", títulos que recebeu do rei, por lutar na defesa do território brasileiro, contra o ataque dos inimigos.
Filipe Camarão (1591-1649) nasceu no Rio Grande do Norte, no ano de 1591. O índio "Poti", foi batizado pelo padre Dionísio Nunes, com o nome cristão de Antonio, depois, ao seu nome, foi acrescentado Filipe, em homenagem ao rei da Espanha e Portugal. No dia 4 de de junho de 1612, o índio Antonio Felipe casa com Clara Camarão.
Filipe Camarão foi um dos primeiros voluntários a se apresentar ao Governador Geral do Brasil, o português Matias de Albuquerque, no Arraial do Bom Jesus, para participar das lutas em defesa do território brasileiro. Em 1633 recebeu do rei Filipe IV da Espanha, a patente de "Capitão Mor dos índios". Em 1635 recebe o tratamento de "Dom" e a comenda de "Cavaleiro da Ordem de Cristo", tornando-se "fidalgo". A realeza espanhola concedia títulos aos povos considerados inferiores, e que lutavam a frente das batalhas, lhes dando um certo status social.
Filipe Camarão confrontou-se com alguns compatriotas Potiguares, como ele, que haviam sido evangelizados pelos holandeses e que lutavam contra os portugueses. Em 1637, tomou parte da batalha de Porto Calvo, Alagoas, onde sua mulher também lutava na tropa feminina, na batalha de Barra Grande. Esteve na batalha de Comandatuba na Bahia, onde enfrentou os holandeses, estando a frente do exército, o próprio Maurício de Nassau. Participou ainda das lutas em Goiana, Terra Nova e Salvador.
Em Pernambuco, em 1645, durante a Insurreição Pernambucana, Filipe Camarão lutou na batalha de Casa Forte, quando os pernambucanos vitoriosos, no Monte da Tabocas, hoje Vitória de Santo Antão, se aproximaram do Recife e fundaram o Arraial Novo do Bom Jesus, ao lado da atual estrada do Forte em Iputinga. Os revoltosos tomaram a casa de Dona Ana Paes, senhora de engenho, casada com um flamengo e amiga de Maurício de Nassau. Filipe Camarão participou ativamente da tomada do Engenho Casa Forte, onde na região da várzea do rio Capibaribe, estruturaram o cerco à cidade do Recife.
Filipe Camarão esteve presente também na primeira batalha dos Guararapes, em 19 de abril de 1648, onde o inimigo ficou isolado, em determinados pontos do território. Filipe adoece e se retira para o Engenho Novo de Goiana, onde morre, e não participa da retomada do Recife em 1654.
Dom Antonio Filipe Camarão morre no dia 24 de agosto de 1649.
INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1645-1654)
A Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupação holandesa na região Nordeste do Brasil, em meados do século XVII. Ela representou uma ação de confronto com os holandeses por parte dos portugueses, comandados principalmente por João Fernandes Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco. Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram com o importante auxílio de alguns africanos libertos e também de índios potiguares.
A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em decorrência da intensificação da cobrança de impostos e também da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de engenho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com a Companhia das Índias Ocidentais, empresa que administrava as possessões holandesas fora da Europa.
Outro fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e holandeses foi a questão religiosa. Boa parte dos holandeses que estava na região de Recife e Olinda era formada por judeus ou protestantes. Nesse contexto religioso que trazia as consequências da Reforma e da Contrarreforma para solo americano, o catolicismo professado pelos portugueses era mais um elemento de estímulo para expulsar os holandeses do local.
Os conflitos iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso de Maurício de Nassau à Holanda. As tropas comandadas por João Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe Camarão, índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos holandeses junto a centenas de índios sob seu comando. Outro auxílio recebido veio do africano liberto Henrique Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi o principal enfrentamento ocorrido nesse início da Insurreição. Os portugueses conseguiram infligir uma retumbante derrota aos holandeses, garantindo uma elevação da moral para a continuidade dos conflitos. Além disso, os insurrectos receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia.
Outro componente envolvido na Insurreição Pernambucana estava ligado às disputas que havia entre vários países europeus à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os espanhóis estavam em confronto com os holandeses pelos territórios dos Países Baixos. Era ainda o período da União Ibérica, em que o Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol.
Nesse sentido, a posição holandesa em relação a Portugal era dúbia. Em solo europeu, os holandeses apoiavam os portugueses contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo tempo, ocupavam territórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo que além da região pernambucana, os holandeses tentaram ainda conquistar algumas localidades no Maranhão e em Sergipe.
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os espanhóis aceitaram entregar aos holandeses as terras tomadas pelos insurrectos portugueses em Pernambuco. Frente a tal situação, o conflito continuou. Em Abril de 1648, ocorreu a primeira Batalha dos Guararapes, em que os holandeses sofreram dura derrota, abrindo caminho para o ressurgimento do domínio português a partir de 1654.
Por Tales Pinto
Graduado em História
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